BIBLIOTERAPIA
Há uma
nova terapia para depressão no Reino Unido e, a melhor parte, é que além de
"low-cost" não apresenta efeitos secundários. É chamada de
"Biblioterapia" e faz jus ao nome: em vez de fármacos, são prescritos
livros. Isso mesmo: livros. É que, de acordo com alguns especialistas, além de
fomentar a empatia, a leitura pode ajudar os pacientes a superar as suas
fragilidades emocionais.
O método, chamado de "Books on Prescription",
começou a ser utilizado oficialmente em Junho, pelo Serviço Nacional de Saúde
do Reino Unido (NHS), e foi agora divulgado por Leah Price, investigadora e
professora da Universidade de Harvard, no jornal "The Boston Globe". "Se o psicólogo ou
psiquiatra diagnostica o paciente com depressão leve ou moderada, uma das
opções é passar-lhe uma receita com um dos livros aconselhados",
explica a investigadora.
E sendo uma prescrição — e não apenas uma recomendação — há que
seguir as indicações do médico rigorosamente, depois de "aviar" a
receita na biblioteca. Até porque não existem efeitos secundários: "Ao
contrário dos fármacos, ler um livro não acarreta efeitos secundários como o
ganho de peso, a diminuição do desejo sexual ou as náuseas", sublinha
Price.
Os livros são "selecionados com base no conteúdo e no âmbito
de programas de leitura desenhados para facilitar a recuperação de pacientes
que sofram de doenças mentais ou distúrbios emocionais" e esta
"parece ser uma solução vantajosa" — e "low-cost", já que
os livros acabam por sair mais baratos do que os fármacos, ou até a custo zero,
no caso das requisições.
"Ler melhora a saúde mental e é difícil pensar na existência
de malefícios quando se fala de um programa como este", defende a investigadora.
Por isso mesmo, tem cativado cada vez mais adeptos. Ainda que não existam, para
já, números oficiais sobre a sua verdadeira eficácia, a investigadora adianta
que, só nos primeiros três meses do programa, foram feitas mais de 100 mil
requisições dos livros de auto-ajuda recomendados.
Esta, porém, não é a primeira vez que o Serviço Nacional de Saúde
britânico aposta neste tipo de programas, numa forma de reconhecimento da
importância dos livros. Uma outra iniciativa, denominada "The Reader Organisation",
por exemplo, reúne pessoas desempregadas, reclusos, idosos ou apenas solitários
para que, todos juntos, leiam poemas e livros de ficção em voz alta.
A "Biblioterapia" foi desenvolvia com base numa
investigação do psiquiatra Neil Frude, em 2003, que concluía precisamente que
os livros tinham potencial para se assumir como substitutos dos
anti-depressivos. Ao acompanhar o percurso dos seus pacientes, Frude
rapidamente percebeu que estes compensavam a frustração da espera pelos
primeiros efeitos dos fármacos — que podia durar anos — com a leitura, como
forma de entretenimento.
Posto isso... todos para a biblioteca!!!